Tenho andado arredado deste ambientes interneticos, não porque me falte matéria, mas porque o tempo também foge aqui em Nampula e porque as condições tecnológicas de que disponho não têm sido as melhores.
Mas hoje, ao acordar, adverti que estamos numa semana a todos os títulos emblemática para todos os que amam a liberdade e os seus combates, ontem ou hoje.
O Bispo de Nampula, Manuel Vieira Pinto, faz parte da história da Igreja e deste País. Para já, aqui fica algum registo de memória.
Foi há 40 anos. Exactamente nesta semana. Deixo, de memória, a via-sacra que então se cumpriu:
1° Regressando de Quelimane, onde a CEM estivera reunida com o Núncio Apostólico em Lisboa, deparamos com desusado movimento manifestativo na estrada, na zona industrial, hoje mais conhecida por Faina.
2° Logo pressenti a hostilidade. Era contra o Bispo. Acelerei o land rover e escapámo-nos, rumo a casa, temendo encontrar novos tumultos na própria cidade onde era inevitável termos de passar.
3° No dia seguinte, dia 10, Quarta Feira Santa, os colonos portugueses atacaram a Igreja de S.Pedro, nos subúrbios de Nampula - hoje bairro de Napipine.- onde pastoreava o intrépido e profético Padre Cornélio Prandina, já partido para o céu, apelidado pelos seus confrades, pela sua intrépida postura de antes e depois da Indpendência, como o Padre Coragem.
4° Dia 11 - Quinta Feira Santa - O Bispo de Nampula, Manuel Vieira Pinto, é detido em Nampula e levado para prisão domiciliária na Namaacha (Colégio da Irmãs da Apresentação de Maria) donde sairá para bordo do avião da TAP, a caminho de Lisboa.
5° Domingo de Páscoa - Expulsão a bordo do avião da TAP para Lisboa.
Aquele que, com fotografia infame, fora propagandeado pela PIDE e seus acólitos - mesmo católicos - de Norte a Sul de Moçambique, como FAMIGERADO TRAIDOR À PÁTRIA, INDESEJÁVEL EM TERRITÓRIO PORTUGUÊS, permaneceria em Portugal, graças ao 25 de Abril.