segunda-feira, 23 de dezembro de 2019


Natal 2019
Ano Bom 2020



 Nos dias do Senhor, nascerá a Justiça e a Paz para sempre!

Este lindo postal foi concebido pela saudosa Irmã Lady Ribeiro, que connosco suportou os horrores da guerra civil dos 16 anos, aqui em Moçambique. 

Para celebrar o Acordo Geral de Paz entre o Governo da Frelimo e a Renamo (Roma, 4 de Outubro de 1992) que quis pôr fim a tal guerra, brindou-nos com este sugestiva imagem.

Vivíamos intensamente aqueles dias, parecia-nos que tinha passado o tormento da guerra e tinha chegado a concretização da Profecia de Isaías: "Nos Dias do Senhor nascerá a Justiça e a Paz".

Cantei este refrão nestes dias da aproximação do Natal com um sabor muito amargo. Este País está em guerra e o medo está omnipresente!

Desde o 25 de Abril em Portugal, que pôs fim à guerra colonial, por várias vezes estivemos, em Moçambique, à beira da plenitude deste sonho de Isaías. Mas, os políticos sempre se encarregaram de impedir que isso acontecesse.

Em 2014 Afonso Dlhakhama assinou, com Guebuza (o Presidente cessante de então), um acordo de cessar de hostilidades a que se tinha voltado por incumprimento do protocolo IV do acordo Geral de Paz 1992 que preconizava a integração dos guerrilheiros da Renamo nas únicas Forças de Defensa e Segurança do País. Nunca se cumpriu. Quem mo testificou foi o saudoso Arcebispo Jaime, da Beira!

Fizeram-se, então as eleições e, logo de seguida, Dlhakhama teve de fugir, de novo, para a serra da Gorongosa donde continuou a dirigir a resistência ao Governo da Frelimo para o forçar a cumprir o acordado. Numa louvável e arriscada atitude, ali se iria encontrar com ele o actual Presidente da República, Filipe Nhussi. Morreu, entretanto, sem ver os seus desideratos cumpridos.

A 1 de Agosto deste ano 2019, o novo líder da Renamo, Ossufo Momade, assina com o Presidente Nhussi um novo acordo de cessar de hostilidades logo, e à pressa, seguido do que chamaram Acordo de Paz Definitiva! Que nada tem tido de definitiva!

Realizaram-se eleições a 15 de Outubro na sequência de uma campanha que fez 44 mortos e deram uma alegada e retumbante vitória à Frelimo e a Filipe Nyusi, candidato à sua sucessão. 

A Conferência Episcopal de Moçambique, pela boca do Arcebispo do Maputo, Francisco Chimoio, declarou que a oposição teria razão para não aceitar os resultados. 

E os observadores eleitorais, incluindo os dos Estados Unidos da América e da União Europeia disseram o suficiente para sabermos que foram fraudulentas tendo em conta, particularmente, o enchimento das urnas com boletins pre-votados que circulavam ilegal e clandestinamente nas mãos dos partidários da Frelimo. Quem lhos forneceu? Certamente a muito querida família frelimista, SIDAT, sempre vencedora dos concursos de fornecedora do material eleitoral.

Note-se que a Polícia assassinou, dia 6 de Outubro, portanto quase em cima da data eleitoral, Anastácio Matavele, activista da cidadania na cidade do Xai-Xai, capital da Província de Gaza, onde o recenseamento eleitoral fraudulento enxertou mais de 300.000 cidadãos fantasmas segundo o então Presidente do Instituto Nacional de Estatística - Rosado Fernandes. Homem honrado que, por ser maltratado publicamente pelo PR, pôs o seu lugar à disposição o que foi prontamente aceite sem, ao menos, um pedido de desculpas. Neste País, e com este governo, não há lugar para cidadãos honestos!

Foi neste ambiente que o Conselho (repetidamente in)Constitucional desta República  proclamou, no dia 23 de Dezembro, vésperas da Festa do Natal, a retumbante vitória do Partido Frelimo que todos os dias enche a boca com a palavra Paz e nunca conseguiu nem deixou que ela vingasse nesta terra que "tem tudo para dar certo", como diz o PR. E porque não dá?, perguntamos todos.

E o mais irritante é termos de continuar a aturar o matraquear dos media governamentais (RM, TVM e NOTÍCIAS) onde os papagaios jornalistas bajuladores e lambebotas do regime, pagos com os nossos impostos, discursam e ditam as suas sentenças e solenes opiniões como se tudo tivesse sido Livre, Justo e Transparente, assim tentando esconder a mentira de que o Povo é mais do que conhecedor!


Vivemos, pois, um permanente desafio à Esperança em dias melhores. Até quando Senhor?
 


 
 

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Papa Francisco em Moçambique - 2



 Segui, naturalmente, muito atentamente, os passos, os gestos e as palavras do Papa Francisco na sua recente Visita Apostólica a Moçambique.
Seria já a hora de manifestar uma opinião avaliadora depois do texto que publiquei apontando a (in)oportunidade da data da visita. Aliás, o Papa fez questão de fazer o balanço a bordo do avisão de regresso a Roma.

Mas ainda não o farei. Fica para mais tarde.

Hoje creio ser de algum interesse partilhar aqui algumas opiniões felizmente não só de felicitações, na sequência do meu texto anterior (cf abaixo) e depois repetido por jornais como o conhecido CANAL DE MOÇAMBIQUE (suporte de papel) e O CORREIO DA MANHÃ (digital).

1ª - Padre Zé Luzia, acabo de ler a sua desassombrada “Opinião “ sobre a visita do nosso Papa , publicada no Canal de hoje. Devo dizer que é a primeira abordagem frontal, sem papas na língua, que vem a público num órgão de informação... que eu saiba! Acho que todo o mundo vai ler, incluindo Nyussi, claro ! Esperemos para ver o efeito! Um abraço. 

 Quem isto escreveu é pessoa sobejamente conhecida tanto em Moçambique como nalguns foruns internacionais e nos medias moçambicanos onde já emitiu opiniões candentes sobre a vida nacional. Na sua espontaneidade fica bem evidente a sua pertença à mesma Igreja de Francisco e de (todos?) nós!


 2ª Pe Zé Luzia!

Obrigada pela confiança na partilha das diferentes opiniões.....sejam positivas que também de perplexidade.....!
Como já escrevi, estás de Parabéns pela coragem de abordar a questão colocando transparência no que aconteceu.....!
Com certeza escreveste com conhecimento de causa.....isto é um ponto a teu favor se alguém quiser criar polémica.
Estamos juntos......
R....
A esta respondi:

Obrigado, Irmã, mais uma vez, por alimentares a minha combatividade, por vezes a esmorecer.  (...) Imagina que, por acaso, liguei  para a nossa Rádio Encontro e apanhei o que seria uma sessão intercativa com os ouvintes. No ar escutei o P. Jorge Ferreti, o tal da Catedral do Maputo, que à mistura com trivialidades, sobre a visita do Papa, deixou escapar que o Catecismo da Igreja Católica é o Código de Direito Canónico mas, sobretudo, que a viagem do Papa não tem nada de político

Felizmente consegui entrar como ouvinte e pelo menos deu para contestar o padre Jorge em afirmações tão lamentáveis.... A chamada acabou por cair por dificuldades do costume mas depois ainda escutei que o comentador que estava no estúdio  (um jovem universitário), concordou comigo referindo o meu nome expressamente! A Luta Continua!

3ª Esta opinião, como se pode verificar, discordanate da minha, fala por si.


Salve!
Votos de boa saúde!...Li o seu artigo sobre a visita do Papa a Moçambique.....com todo o respeito e estima, não há regras sem excepções

A visita do Papa tem carácter humano....Moçambique passou por dois terríveis ciclones e, finalmente, há esperança de que Moçambique tenha a tal paz desejada.

..........o Santo Pontifice vem dar coragem ao Povo Moçambicano, e o período é apropriado e justo.

Nao sou nenhum nenhum simpatizante e nem militante da Frelimo, aliás tive que abandonar Moçambique por causa da Frelimo, mas concordo com a visita do Papa neste período...Talvez esta visita beneficie o Partido no poder, mas tudo depende como as ditas Oposições vão usar a mesma visita para o bem deles...Mas, se formos aos factos ate à data, as ditas Oposiçoes teem sido fúteis, desorganizadas e demagogas.
 (.....)

Deixe o Papa visitar Moçambique nas calmas e não venha cá com desinformações.

Também a este cidadão respondi sobretudo solicitando que me apontasse quais eram as desinformações de que me acusava. Reduziu-se ao silêncio. Foi pena!