Lições e interpelações da Pandemia
A quarentena que a pandemia do COVID 19 nos impõe está a desencadear
uma onda universal de reflexão sobre todas as faces do nosso viver. Que é a
criatura humana neste planeta?
Nesta onda, a exigência de segurança impôs-nos que nos mantenhamos
sequestrados nas nossas casas. Fazer isso já será um grande gesto de respeito
por toda a comunidade, fazendo de nós, como se diz nos media, “agentes de saúde
pública”.
As grandes aglomerações de gente foram decididamente canceladas e até
proibidas por lei. Assim o determinaram as autoridades com diferentes níveis de
exigência da simples quarentena voluntária ao declarado estado de emergência
pública até com punições para quem não queira ser cumpridor.
Em Portugal, onde neste momento estou, o Ministro da Administração
Interna, Eduardo Cabrita, nas suas pedagógicas intervenções mediáticas, faz até
questão de a isso se referir.
Tal necessidade profilática foi acolhida e implementada por todas as
instituições sensatas. Assim sendo, as celebrações litúrgicas deixaram de ser
presenciais em todas as igrejas e tem levado à múltipla utilização dos recursos
das novas tecnologias da comunicação, das televisões à internet com as suas
várias possibilidades (como o Facebook).
O Papa Francisco, com a sua Oração pela Humanidade do passado dia 27 de Março, na
Praça de S. Pedro, frente à Basílica, tele-difundida Urbi et Orbi,
ficará como mais um dos seus criativos gestos de sabedoria pastoral com
repercussão humana e espiritual inimaginável.
Transcrevo aqui o que apareceu num dos meus grupos de whatsapp:
“Não sou Católico, respeito todas as religiões e manifestações
de Fé.
Essa é uma das fotos mais sombrias que você irá ver hoje!
O Papa só! Diferente de Silas Malafaia, do Pastor Valdomiro, do Edir
Macedo... o Papa sabe que nem só de multidões se alcança o céu.
A imagem do Papa só, e ao seu lado direito o crucifixo que só ficou
exposto na praça no ano de 1522, expressa o momento em que vivemos: Tempo de
silêncio. Não... ele não publicou a conta bancária para depositar o dízimo, não
pediu abertura das igrejas, não tomou partido político: o Papa orou.
Na praça já quase escura e silenciosa, de branco e já velho...o Papa
apenas pede a Deus: "Não nos abandone nessa tempestade"!
Não exige dos fiéis sacrifícios, não pede mais nada a não ser a
bênção.
Não precisa ser católico para entender essa fotografia que certamente
entrará na história.
É o Papa Comunista? Ou é o Papa pregando o amor cristão?
É o Papa Ideologista? Ou o Papa fazendo seus ritos independente de multidões?
É o Papa Político? Sim, é também, mas com toda a sensatez que outros
políticos não têm. É uma foto de se arrepiar. De ter medo. De se louvar.
De chorar. Mas que seja foto de oração justa.
(Roberto Sanchez)