segunda-feira, 19 de setembro de 2016

TODOS SOMOS POUCOS NO CAMINHO DA PAZ





Nuns jornais de Moçambique, leio que Sociedade civil exige sua integração no diálogo político.

E aparece também o MDM a reclamar, e bem, a necessidade de ser integrado no diálogo político-militar que já se arrasta, desde há anos, entre os dois militarizados partidos, Frelimo e Renamo.

Efectivamente, uma participação mais ampla de cidadãos moçambicanos poderia ajudar a diluir as resistências que opõem os dois blocos militares.

 No Wamphulafax de hoje, 19 de setembro, a mesma “sociedade civil” é acusada de ser cavalo de Troia do Ocidente. O autor não nos quis identificar nem as ditas organizações que se reclamam de falarem em nome da dita Sociedade Civil, e muito menos, apontar nomes concretos. Mas não deixa de os acusar de estarem ao serviço de obscuros interesses estrangeiros, “ocidentais”! 

Foi pena que assim tivesse agido, porque fica sujeito a ser ele acusado de cobardia e falta de frontalidade e verdade. Já assim acontecia nos tempos do colonial-fascismo com os órgãos do governo que prendia, matava, expulsava missionários e até o Bispo de Nampula, Manuel Vieira Pinto, acusando-nos de estarmos ao serviço do comunismo soviético.

A legitimidade de opinar nunca deve ficar oculta e envolvida em nebulosas indeterminadas. O combate político sadio faz-se com frontalidade e olhos-nos-olhos.

Que intenções movem a Renamo dos nossos dias?

Alguém, nestes dias, dizendo-se muito bem informado e de boa fonte, me garantiu que a Renamo e o seu Presidente, assessorados por agentes estrangeiros, prosseguem desígnios de divisão do País. Tal desiderato fundamentaria a incontornável exigência de quererem “governar” as 6 províncias em que alegam ter ganho as eleições gerais de 2014. 

Não deixa de ser estranho que, por um lado, a Renamo acuse as eleições gerais de 2014 de fraudulentas e, ao mesmo tempo, reivindique uma legitimidade política assente em tal ilegitimidade.

Como já disse anteriormente, e um ouvinte da RDPA diz neste preciso momento em que escrevo, só novas eleições, não controladas pelo Governo da Frelimo, mas por uma CNE, indiscutivelmente credível, poderá resolver, radicalmente, o problema.

Entretanto, se tanto a Renamo como o Governo têm alguma compaixão pelo Povo, parem de vez com o seu  martírio abandonando a espiral militarista que está destruindo a economia do país e a vida quotidiana das famílias.

O medo que alastra e paralisa
É um facto que o medo vem crescendo assustadoramente em todo o País, tanto nas cidades como no campo. A guerra vai alastrando lenta e firmemente, pela mão da Renamo que, em jeito de guerrilha, facilmente se mostra aqui e acolá, assim dando a impressão que incendeia todo o País. De Moma ao Niassa chegam-me correios de angústia. 

Entretanto, da mesa das conversações político-militares, nada de muito esperançoso nos chega. E todos vamos ficando cada dia mais desesperados, contemplando um futuro cada dia mais funesto. 

Que será de Moçambique? Teremos de passar de novo pelas agruras da guerra civil que em 16 anos matou mais de um milhão de mortos? Já a terra cheira demasiado a sangue! Basta!

Não será a hora de todos saltarmos para a rua desafiando os inimigos – internos e externos - da Paz? 

Não será que o Presidente da República precisa mesmo de sentir o seu povo gritando pela Paz  e arrancando-o dos grilhões daqueles que o submetem à guerra? 

Não seria a hora – digo-o mais uma vez – de as Igrejas se darem as mãos em sentida e orante manifestação pública de Paz?

Bem sei que o medo reduziu o nº de participantes da manifestação havida no passado dia 27 de Agosto no Maputo. O medo obrigou muita gente a ficar em casa. Mas umas centenas de corajosos saíram. 

Não seria a hora de a Igreja Católica pôr na rua os seus fiéis em pública procissão de Paz, convergindo para as catedrais-mães de todas as dioceses para que se saiba que TODOS QUEREMOS A PAZ, a Paz de Deus! Não a do Governo ou da Renamo! Mas a de Deus que é a do Povo! Por que esperam irmãos Bispos? 

Os católicos Nyusi e Dlhakhama precisam de ouvir o nosso grito! E talvez lhes acalente a coragem de ultrapassarem os obstáculos que os seus partidários belicistas lhes impõem e, decididamente, assim amparados, avancem para a PAZ!