Parece que a morte do esperançoso Amurane me tirou o gosto da partilha neste ambiente.
Quantas coisas entretanto se passaram em Moçambique!
O terrorismo em Cabo Delgado tem sido assustador. A longa entrevista de Amade Camal (SAVANA) deixou-me, finalmente, mais esclarecido mas não mais tranquilo. Agradeço ao Dr Camal tanta lucidez e tanta coragem esclarecedora.
Volto hoje, provocado pela triste situação da ameaça que a recusa da Frelimo em manter a sessão extraordinária da AR me parece significar.
Segundo os jornais não regimentais e livres de Moçambique - o calcanhar de Aquiles na resolução do pacote militar com a Renamo estaria na recusa do SISE em aceitar a integração de pessoas da Renamo como em qualquer outro dos ramos da Forças Armadas e de Segurança. Creio ser evidente que quem constitui o tropeço para resolver o sector militar do Diálogo, é, mesmo, a Frelimo cujos SISE se recusam a cumprir, também agora, tal como aconteceu desde o AGP-Roma 1992, o famoso Protocolo IV, Esta a razão por que, o saudoso Arcebispo da Beira, Jaime Gonçalves, continuava a acusar os militaristas do governo pela trágica situação de hostilidades militares que antecederam e se sucederam às eleições gerais de 2014.
Fiquei, perplexo quando comecei a ouvir os zuns-zuns de que a dita sessão da AR ia ser adiada sine die. Fiquei estupefacto e mesmo indignado quando, por acaso, vejo surgir na TV, Margarida Talapa com a sua cassette partidarista do costume, a exigir que a RENAMO avance unilateralmente na sua desmobilização sem o cumprimento integral do que consta no AGP-1992-IV.
Acho que esta mulher deveria ser proibida de abrir a boca em coisas tão sérias que põem em causa a vida de todo o País. E que ela se mantenha em funções institucionalmente tão relevantes é um péssimo sinal dado pela Frelimo de Nhussi. Razão tinha já o Pro. Lourenço do Rosário, quando, há anos a qualificou... (Claro que não repito aqui o que ele disse dela numa entrevista a um jornal livre).
O jornalista Tomás Vieira Mário nos Pontos de Vista da STV também me surpreendeu porque nem por uma vez quis referir o assunto até ao fim, tecendo, repetidamente as mesmas razões, como se só a RENAMO tenha a solução do problema. Vieira Mário, sabe ou não o que os jornais disseram nestes dias do SISE a este respeito? Tratando-se de aautoridade tão importante neste país no que à informação diz respeito, esperava que fosse ele a destruir todas as minhas dúvidas. Mas não quis.
É evidente que todos desejamos neste país um só exército apartidário. Mas consegui-lo-emos se a Renamo e deixar engolir, de novo, pelos hábeis falcões da Frelimo que tudo ordenam, até agora nas FADS?
O ex-frelimista e ex-MDM - António Frangoulis, apareceu há não muito tempo, nos media, emitindo a opinião de que se a RENAMO se deixa desmobilizar militarmente, vai ser, de novo, enganada pela Frelimo.
Na lógica deste raciocínio, foram as armas da Renamo, o único Partido do mundo com forças armadas "no mato" e assento no Parlamento, que forjaram a presente e esperançosa caminhada constitucional rumo a uma mais sadia democracia.
Qual será o cidadão que não deseja que a Renamo se desmobilize, integrando-se, não só socialmente como a Frelimo nestes dias insiste em dizer, mas também, institucionalmente, segundo reza o Protocolo IV do AGP-Roma 1992, com os seus homens e mulheres, em todos os ramos da FADS?
Portanto, queira a Frelimo de Talapa cumprir o que estava acordado há 26 anos, e os problemas estarão, aparentemente, resolvidos. Mas seja honesta! Diga as verdades todas e não só o que lhe apetece puxando "a brasa - só - para a sua sardinha".