Por Benedito Marime
Publicado no jornal SAVANA - 8Maio2020
Cerca das 23,30 horas de Moçambique do dia 30 de
Abril, recebi do Padre José Luzia uma
mensagem electrónica, dando-me conta do
falecimento, uma hora e meia antes, na Cidade do Porto, Portugal, de Dom Manuel
Vieira Pinto, Arcebispo Emérito de Nampula, desde 30 de Dezembro do ano 2000,
dedpois de dali ter sido Bispo de 1967 a 1984.
A notícia deixou-me acabrunhado, o que explica o
tempo que levei a reagir, já depois de outros o terem feito. Aqui venho, pois,
dar o meu testemunho sobre essa ilustre figura que a História de Moçambique, a
eclesial e a nacional, em devido tempo, sem paixões e condicionalismos, um dia
irá registar. Pretendo aqui falar daqueles momentos em que, a título pessoal,
me pude articular com ele e falar um pouco daquilo que pude acompanhar da sua
longa e benemérita trajectória.
Conheci-o no ano de 1966, aí por finais de
Agosto/princípios de Setembro. Eu era então um adolescente aluno do Seminário
Franciscano de Maria Imaculada de Amatongas, Manica. Tínhamos acabado de chegar
de férias e estávamos a preparar o novo ano formativo e académico, com o
arranjar da casa, retiros de preparação e assim podermos programar os dez meses
seguintes.
O Padre Manuel Vieira Pinto, acompanhado do
Padre Vítor Feytor Pinto, ao tempo responsáveis do Movimento por um Mundo
Melhor, tinham vindo de Portugal pregar retiros ao Clero da Arquidiocese de
Lourenço Marques e das Dioceses da Beira e de Tete, numa linha de divulgação da
doutrina dimanada do Concílio Ecuménico Vaticano II (1962-1965), poucos meses
antes encerrado.
Na Beira, este momento realizou-se em duas
fases: a primeira no Colégio dos Irmãos Maristas, na Cidade (hoje Reitoria da
UCM), sendo a de Amatongas a segunda. Nesta participaram três dos ainda raros
sacerdotes católicos moçambicanos, designadamente, os Padres Francisco Pinho
Pereira, de Marromeu, Franciscano e os Diocesanos Mateus Pinho Gwengere, de
Murraça, Diocese da Beira (sem nada a ver com o anterior, a despeito do nome) e
Domingos Gonçalo Ferrão, de Tete.
Embora o programa do objectivo da sua estada ali
fosse muito intenso, o Padre Manuel ainda arranjou tempo para se entreter com
os jovens seminaristas, com eles estabelecendo diálogos muito vivos, sobre
temas até aí inéditos. Já o Padre Vítor também esteve connosco, para divulgação
dos novos cânticos religiosos consonantes com a renovação conciliar. Deste me
recordo da sua voz diamantina.
A impressão que o Padre Manuel causou em nós foi tal
que todos pensámos que aquele seria Bispo, o que se adensou quando, uns meses
mais tarde, faleceu Dom Sebastião Soares de Resende, primeiro Bispo da Beira. O
Padre Manuel veio a ser Bispo, sim, mas nomeado para Nampula, a 27 de Abril de
1967. Apesar de o termos desejado para a Beira, celebrámos esta nomeação como a
de uma pessoa de família e foi nesse espírito que, no dia 29 de Junho do mesmo
ano, data da sua ordenação episcopal, rezámos por ele.
Importa dizer que a cerimónia da sua ordenação
decorreu na Igreja da Trindade, no Porto, e a ela presidiu o Núncio Apostólico
cessante em Portugal, o já promovido a Cardeal Dom Maximiano de Furstermberg.
Em momento indicado, o novo Bispo recordou os Bispos do seu percurso no Porto,
designadamente, Dom António Ferreira Gomes “dos meus tempos de Seminário e dos
primeiros anos do meu sacerdócio”. Ora, o referenciado, inimigo declarado da
ditadura salazarista, fora por esta exilado, sendo, pois, incómodo e
escandaloso evocar o respectivo nome numa cerimónia com tanta afluência de
público bem heterogéneo. Foi o primeiro escândalo de entrada do novo Bispo.
O segundo escândalo aconteceria já nos seus
primeiros momentos em terra moçambicana. No exacto momento do seu desembarque,
a 24 de Setembro de 1967, quando, quebrando o protocolo, depois de recebido à
descida da escada do avião pelas mais altas figuras protocolares, ao invés de se
dirigir aos previamente posicionados para serem as primeiras pessoas a
cumprimentarem o novo Bispo, dirigiu-se à massa de “nativos” convenientemente
colocados à distância, para, do meio destes, erguer uma criança negra, sob as
palmas dos “nativos” e a murmuração dos colonos assim secundarizados.
Nas cerimónias de saudação no Município e no
Governo do Distrito, em vez das convenientes loas aos “Descobrimentos” e às
glórias de “Portugal missionário”, o Bispo preferiu falar da doutrina conciliar
sobre a actividade missionária e da doutrina social da Igreja, como necessários
para a harmonia entre todas as gentes de Moçambique.
No trato com o pessoal missionário, não foram
poucos os elementos deste extracto que se não reviram nas teses do novo Bispo
e, rapidamente, deixaram a Diocese, de regresso aos Açores e à Índia, donde o
anterior Bispo os trouxera a Nampula, como conterrâneos, no primeiro caso, e
como da sua anterior Diocese, no segundo caso.
Visitada a Diocese, para conhecimento das
realidades no terreno, investiu decisivamente na implantação de uma Pastoral
bem enraizada e respeitadora da identidade dos moçambicanos, para o que abriu o
Centro Catequético de Anchilo (1969), onde catequistas e suas famílias se
preparavam como animadores pastorais das futuras comunidades a abrir e das já
existentes, no caso destas já com a dissociação dos binómios escola-capela,
europeizar e evangelizar. Os catequistas em formação e suas esposas eram também
preparados para serem agentes de desenvolvimento nos seus locais de destino,
abertos a toda a população circunvizinha.
Este Centro Catequético tornou-se também Centro
de Integração de missionários e missionárias recém-chegados à Diocese (e muitos
deles a Moçambique), onde estes se iam introduzir na língua e na antropologia
locais, só sendo colocados depois desse tirocínio. No mesmo sentido,
reorganizou e radicalizou a formação nos Centros de Formação de Professores de
Marrere e de Professoras de São Pedro (Napipine), e no Seminário Menor de Nossa
Senhora de Fátima, que encontrou já existentes de há muito, e com manifestos
insumos curriculares de alienação cultural pró-colonização.
Para atender à grave carência de
estabelecimentos de ensino secundário, conseguiu, a partir do ano 1969, as
licenças necessárias para a abertura de Colégios-Liceus, externatos para o
ciclo preparatório do ensino secundário, designadamente Fernão Veloso, em
Nacala, Santa Maria, em Malema, Santa Teresinha do Menino Jesus, em Mutuáli,
Nossa Senhora Rainha da Paz, em Namapa, e São Paulo de Monapo. Aqui, conseguiu,
também e finalmente, a oficialização da Escola de Artes e Ofícios da Carapira,
colocando-a como anexa à Escola Técnica Baltazar Pereira do Lago, da Ilha de
Moçambique, velha aspiração dos Padres Combonianos, que a haviam fundado.
A celebrar este feito, o Governo subsidiou a
construção de novos pavilhões, inaugurados em 1971, no quadro de uma visita ali
do Dr Adelino Augusto Marques de Almeida, “Secretário Provincial de Educação”
de Moçambique. Presenciei este evento e
foi quando, seis anos depois do primeiro encontro em Amatongas, e já então eu
vivendo em Nacala, me aproximei de Dom Manuel e me identifiquei, passando, desde
então, a um relacionamento personalizado, tanto que no ano seguinte, me
convidou à inauguração da Igreja do Sagrado Coração de Jesus de Mueria, a 9 de
Junho de 1972.
No dia seguinte, fui a Itoculo visitar uma
pessoa de família, quando ali passou o Bispo. Era dia de Camões, mais conhecida
por dia da Raça (sic!). Aos discursos e récitas dos alunos da Escola
Primária, ensaiados a preceito para
glorificar a efeméride, o Bispo respondeu enfatizando a necessidade de estender
a todos, sem distinção, os benefícios da “civilização” – uma alfinetada ao
Administrador e ao Chefe do Posto e colonos fazendeiros que ali se tinham feito
presentes e haviam preparado um “almoço volante” que, diga-se de passagem,
estava opíparo e bem regado com uns bons tintolas!
Ainda em 1971, a Diocese da Beira entra em
convulsões, com a renúncia do Bispo Dom Manuel Ferreira Cabral, também ele
entrado em 1967, mas logo fortemente contestado pelo Clero, formatado na linha
de Dom Sebastião Soares de Resende, também ele conhecido adversário do regime
salazarista. O Vaticano nomeia Dom Manuel Vieira Pinto Administrador Apostólico
da Beira, para onde vai residir a tempos.
Pouco antes, tinha-se dado a expulsão de
Moçambique, a pretexto de desrespeito à soberania portuguesa no território,
decretada pelo Governo contra os Padres Brancos, que trabalhavam nas Dioceses
da Beira e de Tete, deixando várias das mais pujantes missões privadas de
sacerdotes. Dom Manuel, mal chega, reúne o Clero para uma reflexão, no final da
qual é emitida a célebre “Mensagem do Conselho de Presbíteros da Beira” que,
pela primeira vez, é também assinada por missionários portugueses. Nele, sem
apoiar expressamente as razões invocadas pelos Padres Brancos, o Conselho
reconhece o gesto profético do seu pronunciamento e interpela-se sobre que
futuro para a actividade missionária num meio sócio-económico com tantas
condicionantes.
O Governo não gostou e, a partir de então, toma de
ponta a Dom Manuel Vieira Pinto, que passa a ser constantemente vigiado pela
PIDE, cujo Chefe em Nampula, o Inspector José de Almeida Poço, era um ex-padre
da Arquidiocese de Évora! Mas o Bispo não vergou.
Meses depois, mais concretamente, em Janeiro de
1972, dá-se a prisão dos “Padres do Macúti” (Joaquim Teles Sampaio e Fernando
Mendes), a pretexto de desrespeito à Bandeira Nacional, que não tinham deixado
entrar na Igreja para uma cerimónia de juramento de escuteiros, em boa verdade
porque omissa no respectivo ritual, mas logo servindo à extrema direita de
rastilho para a perseguição aos incómodos do regime, tanto mais que o Padre
Sampaio, na Missa do dia 1 de Janeiro, Dia Mundial da Paz, tivera a coragem de
aduzir o massacre de Mucumbura, meses antes ocorrido em Tete.
O Bispo interessa-se pelo seu caso e, em
pronunciamento público, diz que os métodos usados para desagravar o pretenso
insulto ao Pavilhão Português se tinham mostrado de todo indignos da Bandeira
que se pretendia defender, até porque nesta estão impressas as Cinco Chagas de
Cristo; vai falar com o Governador-Geral e constitui uma equipa de advogados de
peso, para os defender no Tribunal Militar, em Lourenço Marques, no qual à
excepção de Dom Custódio Alvim Pereira, que se alheou do caso, para não
confessar o seu alinhamento com o Governo, os Bispos presentes renunciaram ao privilégio
processual da audição ao domicílio, como declarantes que eram, e, alto e bom
som, dizem algumas das verdades de que já sabiam que o Governo não havia de
gostar.
Neste julgamento já esteve presente o novo Bispo
da Beira, Dom Altino Ribeiro de Santana, a quem Dom Manuel entregara a Diocese
em Maio de 1972, que, perante o ambiente marcadamente intimidatório do aparato
pidesco e de “justiça militar”, acusou alguns problemas de saúde, de foro
cardio-patológico, até que, escassas duas semanas depois, no auge das
manifestações boçais de colonos instrumentalizados – que até um balde
excrementos humanos lhe foram deixar à porta de casa – a 27 de Fevereiro de
1973, se apagaria, vítima de enfarte de miocárdio. De Nampula, na celebração do
oitavo dia do seu falecimento, em Missa por ele celebrada na Sé Catedral, D.
Manuel assinala o passamento dizendo: “a notícia correu célere e os poucos
jornais dedicaram-lhe algumas linhas. Talvez a vida e a morte de um Bispo não
interessem ao grande público; talvez o sentido de uma vida totalmente entregue
à salvação dos homens seja hoje mais difícil de compreender; talvez as
consciências andem mais alienadas”.
Ao longo desse ano de 1973, o Bispo vê negada a
entrada de novos missionários e o regresso dos que haviam partido para férias
ou tratamento no Exterior e dá-se a divulgação do massacre de Wiriamu,
divulgado por um Padre inglês que recebera o relatório factual a propósito
elaborado com precisão pelo Padre Domingos Gonçalo Ferrão, da Diocese de Tete
(aquele que eu tinha conhecido em 1966, nas circunstâncias acima indicadas) e a
guerra de libertação nacional expande-se a novas frentes, até cercanias da
Cidade da Beira. É, pois assim que, a 1 de Janeiro de 1974, Dia Mundial da Paz,
na homilia - Repensar a Guerra -, o Bispo ataca ferozmente a situação de
guerra prevalecente e o beco sem saída para o qual o Governo parecia querer
conduzir o território. Este pronunciamento atinge o rubro quando, em Fevereiro
desse ano, Dom Manuel assina, com os missionários e missionárias combonianas, o
documento “Imperativo de Consciência”, no qual se pede,
institucionalmente, a ruptura da Igreja com o Governo colonial, face às amarras
derivadas do Acordo Missionário, por via do qual aquela recebia subvenções dos
cofres do Estado.
Aí, estalou o verniz: o Governo expulsou da
cidade o Bispo e de Moçambique 11 dos missionários combonianos subscritores do
documento, entre eles dois portugueses, os Padres Rogério Artur de Sousa (tinha
vindo para Moçambique como capelão; desmobilizado, ficou) e Manuel Ferreira
Horta. Nas arruaças da hora da retirada, estes foram os mais agredidos,
relativamente aos seus companheiros não portugueses, tendo ao primeiro sido
arrancado um dente a murro. O Bispo viu fotos suas espalhadas na cidade, com
dizeres a chamar-lhe traidor e a dar-lhe a morte. E só não levou uns tabefes
porque, encenando, o Governador do Distrito, Intendente Manuel Gomes do Amaral,
e o Comandante da Polícia, fizeram barreira, em torno do Bispo e do Núncio
Apostólico, Dom Giuseppe Maria Sensi, ido de Quelimane para acompanhar aquele
neste doloroso transe.
A caminho de Lourenço Marques, escalou
Inhambane, onde o Bispo local, Dom Ernesto Gonçalves Costa, logo se ofereceu
para o acolher, até as águas serenarem, mas Dom Manuel, agradecendo, prosseguiu
viagem para a Namaacha, onde foi acolhido pelas Irmãs de Apresentação de Maria.
Aí recebeu a visita do Arcebispo Dom Custódio, pedindo-lhe que abandonasse Moçambique, “para bem desta
terra”, ao que o visado se opôs firmemente, até ser visitado, com a mesma
proposta, pela PIDE, na pessoa do Inspector Diogo Frade Júnior, sobrinho do
Padre Franciscano Afonso Simões Frade (!), que, perante a irredutibilidade de Dom
Manuel, formalmente o notificou da deportação, que veio a consumar-se, num
ambiente de grande tensão, no dia 14 de Abril de 1974, Domingo da Páscoa.
Já em Lisboa, foi objecto de um sonoro
comunicado difamatório, em nota oficial do Ministério do Ultramar. Entretanto,
viajou para Roma, para um encontro com o Papa Paulo VI. Regressando a Portugal,
aí o apanha o 25 de Abril, Data da Revolução dos Cravos, que derrubou o regime
fascista pós-salazarista de Marcelo Caetano. É então convidado pelo General António
de Spínola, novo Presidente da República, a integrar o Conselho de Estado, mas
ele declina, interessado que estava em regressar à sua Diocese de Nampula, o
que vem a suceder já no Governo de Transição, quando já tinha ganho a admiração
de Samora Machel que, ao lado de Dom Sebastião Soares de Resende, Dom Altino
Ribeiro de Santana, Padres Brancos e Padres do Macúti, o aponta como dos poucos
exemplos de pública demarcação da linha oficial até aí seguida
institucionalmente pela Igreja Católica em Moçambique. É neste contexto que é o
único Bispo católico convidado oficialmente às cerimónias da proclamação da
independência Nacional.
Chega a ser-lhe proposta a aquisição da nacionalidade
moçambicana, o que ele recusa, argumentando que o que fizera, o fizera por ser
missionário e fá-lo-ia em qualquer outro lugar para onde tivesse de ir
trabalhar nessa qualidade.
Os anos que se seguem, com os excessos da
primeira República, não só para com a Igreja, mas para com o próprio Povo, e a
guerra fratricida dos 16 anos, que vitimou alguns dos seus missionários, não
deixaram também de merecer o seu pronunciamento e intervenções seguidas junto
do Presidente Samora Machel que, mesmo discordando, o respeita e admira. É
assim que ele consegue autorização para visitar alguns centros de reeducação e
os Estudantes moçambicanos em Cuba, com encontros com o Presidente antes e
depois dessas deslocações. Consegue, mesmo, o regresso ao País de um dos seus
pupilos, o Padre José Luzia, que havia sido expulso do País, nas famosas operações
20/24.
Enquanto isto, começa a notar-se um certo
distanciamento a nível da CEM (Conferência Episcopal de Moçambique), embora, no
início das diligências desta para o processo conducente ao AGP, e sendo ele já
Arcebispo de Nampula, tivesse sido integrado na equipa inicial para a busca do
diálogo Governo/RENAMO. Aceitou integrar os primeiros passos, mas logo a seguir
fez notar que ele era estrangeiro, ademais português, pelo que melhor seria que
o processo fosse encetado por Moçambicanos.
Em Nampula, em
termos de marcha da sua Diocese, depois de ter visto desaparecer todo o vasto
património imobiliário que a Diocese detinha, viu uma boa parte dele ser
devolvido, já em tempos do Presidente Joaquim Chissano – Igrejas encerradas
foram reabertas; residências missionárias foram restituídas e, bem assim, o
Seminário Menor de Nossa Senhora de Fátima que, durante dez anos, funcionara
como Centro Interprovincial Norte de Formação de Quadros do Partido Frelimo!
Teve ainda a alegria de ver o trabalho de entrosamento da fé de centenas de
Comunidades, muitas delas não existentes do antanho, agora orientadas por
animadores formados no Centro Catequético de Anchilo, a de voltar a ordenar um bom número de novos
sacerdotes diocesanos moçambicanos, de fundar a Congregação Diocesana das Irmãs
da Paz e Misericórdia, e de ver nascer a nova Diocese de Nacala, à qual
passaram a pertencer as Paróquias do Litoral de Nampula e cercanias. Foi neste
ambiente que celebrou a Missa de Acção de Graças pelo AGP e comemorou as suas
Bodas de Prata Episcopais, em 1992.
O limite de idade, alcançado dois anos antes, e
a cada vez mais precária saúde levaram-no a resignar, a 30 de Dezembro de 2000,
data da nomeação do seu sucessor, Dom Tomé Makweliha, a quem entregou a
Arquidiocese em 11 de março seguinte, ausentando-se, depois, para Portugal,
para, dizia, não ofuscar os primeiros momentos do seu sucessor, pois tinha a
intenção de regressar à sua Nampula, para aí viver e morrer e nela ficar
sepultado, junto do seu Povo. Infelizmente, já não pôde voltar, pois foi em
Portugal que a morte o apanhou. Nem por isso, os Moçambicanos, crentes da sua
Igreja ou não, o esquecerão, mesmo que faltem, já desde agora, pronunciamentos
oficiais a seu respeito.
Grata memória a de Dom Manuel Vieira Pinto, 3º.
e último Bispo de Nampula e seu 1º. Arcebispo.
Paz à sua
alma.
Benedito Marime
cocane@teledata.mz