Nacionalidade Honorária
Arcebispo Manuel “o esquecido”?
, por isso, vergonhosamente humilhado pelos colonialistas
como mostra a fotografia então profusamente distribuída de norte a sul de Moçambique e se pode rever no post anterior, com a legenda que aqui repito:
FAMIGERADO TRAIDOR À PÁTRIA
INDESEJÁVEL
EM TERRITÓRIO PORTUGUÊS
VIVA PORTUGAL
UNO E INDIVISÍVEL
UNO E INDIVISÍVEL
Cidadão de corpo inteiro, moçambicano de zelo e coração,
português de origem, profeta de tempos novos, só no fim do seu longo mandato de 34 anos
de serviço a Nampula e a Moçambique, no dia 11 de Março de 2001, tocaria na
questão da adopção da nacionalidade moçambicana. Na sessão de boas-vindas ao seu
sucessor, Tomé Makhweliha, deixou escapar, com emoção: “talvez agora seja o
momento para pensar nisso”.
Poucos dias depois, saiu com uma pequena maleta de viagem,
como quem diz “até já, não demoro!” Não voltou mais!
Poucos dias antes, creio que na sua última homilia de
despedida, na catedral, movido pela emoção mais desprendida pela idade, o
coração falou mais alto e disse, bem claro, que gostaria de ali ser sepultado. O testamento mantém-se.
De imediato, sai, no jornal SAVANA, um texto em que dois
jovens macuas se manifestavam como os primeiros ingratos, ridicularizando tão afectuoso
desejo do velho arcebispo! Logo um outro moçambicano, velho – o Papá M’pomberah
- me apresentaria tão desprezível e ingrato artigo perguntando-me, no meu
gabinete da Rádio Encontro “Está preparado para o mesmo?”
No passado dia 25 de Junho, no 39º aniversário da
Independência deste pais, fui surpreendido pelo gesto inaudito de, na
Presidência da República, se ter procedido a desusada cerimónia de concessão de
nacionalidade honorária a personalidades estrangeiras, vivas ou defuntas.
Exultei ao rever a face solene de K. Khaunda, o tal que
apadrinhou o casamento de Samora e Graça. Emocionei-me ao escutar o nome de
Julius Nyerere, o mais distinto e santo político de África, sempre humilde e de
coração de pobre.
E fui escutando os nomes de outros: Seretse Khama, Aldo
Aielo, Maria Rafaeli.. etc.
E de repente, caí em mim, e perguntei-me: e o Arcebispo
Manuel?
Pergunto agora: foi esquecimento ou está de reserva para a
celebração dos 40 anos! Aqui fica sugestão, para que se não incorra em
censurável ingratidão nacional.