segunda-feira, 10 de abril de 2017

Biblioteca D. Manuel Vieira Pinto - Nampula


Assembleia Municipal recusa


Por motivos que não surpreenderão ninguém, sugeri a criação de uma Biblioteca Municipal com o nome do Arcebispo Emérito de Nampula, Manuel Vieira Pinto, ao actual Presidente do Município de Nampula, Mahamudo Amurane (que só conheci após a sua eleição através de um dos seus vereadores, Francisco Rupansana que fora meu aluno há 48 anos, e, infelizmente, entretanto falecido).

Como membro fundador e inspirador da NAIWANANA – Associação de apoio a estudantes, propus, também, que a gestão de tal biblioteca viesse a ser sob um protocolo a celebrar entre o Município e esta associação.

Obviamente que o Presidente aderiu de imediato por razões que não precisamos de enfatizar. A figura do homenageado impõe-se por si mesma. Dar-lhe a conveniente relevância pública é, além de um acto de gratidão, uma iniciativa de enorme utilidade pública como, aliás, ficou bem registado na crónica do jovem Cantífula de Castro, Padre Diocesano de Nampula, emitida na Rádio Encontro, nossa emissora diocesana.

Tratando-se de iniciativa que carecia da aprovação da Assembleia Municipal, nesse sentido procedeu o Presidente Amurane, submetendo-lhe a respectiva proposta.

Mas, estupefação das estupefações, a Assembleia Municipal de Nampula, em sessão do dia 5 de Abril, chumbou a criação da dita BIBLIOTECA MUNICIPAL D. MANUEL VIEIRA PINTO.

Os “deputados” da Frelimo votaram contra e os do MDM... “abstiveram-se”!
Assim se honra a figura do maior Bispo de Nampula em toda a história desta Diocese, donde chegou a ser expulso, na Páscoa de 1974, por ter tido a coragem de defender, em tempo colonial, os direitos do Povo moçambicano. 

Os deputados municipais da Frelimo, cujo chefe de bancada, Pedro Kulyumba, considerou a proposta de impertinente (pasme-se!), estão em linha com o esquecimento a que o mesmo Arcebispo foi votado pelo Presidente Guebuza quando, em Junho de 2013, à falta de melhor “programa” para celebrar a independência nacional, concedeu a nacionalidade moçambicana a umas quantas personalidades, também se esquecendo do Arcebispo Manuel Vieira Pinto! 

Os deputados do MDM são, para mim, não só tão ingratos como os da Frelimo, como, pior ainda, hipócritas. Abstendo-se, não fazem mais do que “lavar as mãos” como Pilatos. 

Como representantes dos munícipes, deveriam saber exprimir os seus sentimentos para com Vieira Pinto cuja envergadura e carinho são por demais conhecidos de todos os eleitores acima dos 40-50 anos, e, mesmo, de muitos jovens como o Padre Cantífula manifesta.

 Perderam a oportunidade de relativizar o agravo dos da Frelimo e de cumprir a sua missão de nobreza política representativa.

Claro que sabendo, como sabemos, pela imprensa independente do país, tudo o que a Frelimo e o MDM têm urdido contra o jovem e dinâmico Presidente Amurane, cuja obra está aí à vista de toda a gente, estou bem ciente de que o alvo desta recusa é ele. Não é o Arcebispo Manuel. 

Porém, nunca me passou pela cabeça que em proposta de relevância popular tão evidente, os políticos da Assembleia Municipal de Nampula, os da Frelimo e os do MDM, pudessem descer tão baixo na sua politiquice, nem sequer hesitando em enxovalhar a figura de Vieira Pinto. 

Perderam uma excelente oportunidade de fazer “Política” e não “politiquice” demonstrando que, em questões de evidente importância popular, seriam capazes de voar alto e com dignidade, acima dos interesses partidários, superando as suas naturais diferenças políticas... Por isso são diferentes. Mas nisto, foram iguais! Todos ingratos!

Honra a Filomena Mutoropa, do PAHUMO, que, votando favoravelmente, fez a diferença! Parabéns, digna representante dos munícipes que a elegeram e também dos outros, neste caso mal representados.