Assembleia Municipal recusa
Por motivos que não surpreenderão ninguém, sugeri a criação
de uma Biblioteca Municipal com o nome do Arcebispo Emérito de Nampula, Manuel
Vieira Pinto, ao actual Presidente do Município de Nampula, Mahamudo Amurane
(que só conheci após a sua eleição através de um dos seus vereadores, Francisco
Rupansana que fora meu aluno há 48 anos, e, infelizmente, entretanto falecido).
Como membro fundador e inspirador da NAIWANANA – Associação
de apoio a estudantes, propus, também, que a gestão de tal biblioteca viesse a
ser sob um protocolo a celebrar entre o Município e esta associação.
Obviamente que o Presidente aderiu de imediato por razões
que não precisamos de enfatizar. A figura do homenageado impõe-se por si mesma.
Dar-lhe a conveniente relevância pública é, além de um acto de gratidão, uma
iniciativa de enorme utilidade pública como, aliás, ficou bem registado na crónica do jovem Cantífula de Castro, Padre Diocesano de Nampula, emitida na Rádio Encontro, nossa emissora diocesana.
Tratando-se de iniciativa que carecia da aprovação da Assembleia
Municipal, nesse sentido procedeu o Presidente Amurane, submetendo-lhe a respectiva proposta.
Mas, estupefação das estupefações, a Assembleia Municipal de Nampula, em sessão do dia 5 de Abril, chumbou a
criação da dita BIBLIOTECA MUNICIPAL D. MANUEL VIEIRA PINTO.
Os “deputados” da Frelimo
votaram contra e os do MDM... “abstiveram-se”!
Assim se honra a figura do maior Bispo de
Nampula em toda a história desta Diocese, donde chegou a ser expulso, na Páscoa
de 1974, por ter tido a coragem de defender, em tempo colonial, os direitos do
Povo moçambicano.
Os deputados municipais da Frelimo, cujo
chefe de bancada, Pedro Kulyumba, considerou a proposta de impertinente
(pasme-se!), estão em linha com o esquecimento a que o mesmo Arcebispo foi
votado pelo Presidente Guebuza quando, em Junho de 2013, à falta de melhor
“programa” para celebrar a independência nacional, concedeu a nacionalidade moçambicana
a umas quantas personalidades, também se esquecendo do Arcebispo Manuel Vieira
Pinto!
Os deputados do MDM são, para mim, não só tão
ingratos como os da Frelimo, como, pior ainda, hipócritas. Abstendo-se, não
fazem mais do que “lavar as mãos” como Pilatos.
Como representantes dos
munícipes, deveriam saber exprimir os seus sentimentos para com Vieira Pinto
cuja envergadura e carinho são por demais conhecidos de todos os eleitores
acima dos 40-50 anos, e, mesmo, de muitos jovens como o Padre Cantífula
manifesta.
Perderam a oportunidade de relativizar o agravo dos da Frelimo e de
cumprir a sua missão de nobreza política representativa.
Claro que sabendo, como sabemos, pela
imprensa independente do país, tudo o que a Frelimo e o MDM têm urdido contra o
jovem e dinâmico Presidente Amurane, cuja obra está aí à vista de toda a gente,
estou bem ciente de que o alvo desta recusa é ele. Não é o Arcebispo Manuel.
Porém, nunca me passou pela cabeça que em proposta de relevância popular tão
evidente, os políticos da Assembleia Municipal de Nampula, os da Frelimo e os
do MDM, pudessem descer tão baixo na sua politiquice, nem sequer hesitando em
enxovalhar a figura de Vieira Pinto.
Perderam uma excelente oportunidade de fazer
“Política” e não “politiquice” demonstrando que, em questões de evidente
importância popular, seriam capazes de voar alto e com dignidade, acima dos interesses
partidários, superando as suas naturais diferenças políticas... Por isso são
diferentes. Mas nisto, foram iguais! Todos ingratos!
Honra
a Filomena Mutoropa, do PAHUMO, que, votando favoravelmente, fez a diferença!
Parabéns, digna representante dos munícipes que a elegeram e também dos outros,
neste caso mal representados.