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A vergonha de África!
52 anos depois de ter chegado a África como jovem
aventureiro e missionário, nos derradeiros anos do colonialismo português, sinto que, por mais que hoje me esforce por cultivar o optimismo, o que
cresce, sub-repticiamente, em mim, é o afropessimismo.
Sinto uma raiva danada por ter de me conformar com os ditos
dos colonos portugueses (com honrosas e numerosas excepções) que nos anos pre-independência
de Moçambique, falavam de todo o perjúrio
que se possa imaginar a respeito dos negros. E também dos ditos de muitos
velhos negros (os poços de sabedoria africana!) que nas nossas horas de euforia
libertária, rumo à independência, desabafam descrentes “Esta nossa pele...!”.
Hoje, podemos justificadamente perguntar “Quo vadis Africa?”
/ “Para onde vais África?”
Hoje, retenho aqui simplesmente esta referência da Guiné-Bissau
que continua a dar mostras de um estado falhado, onde a lei ´vai sendo
sistematicamente deitada no caixote do lixo, e com a aprovação das organizações
internacionais africanas como a CEDEAO e a UA-União Africana, que pretendem ser expoentes do desejado e tão propalado Orgulho Africano.
Pobre África, que nos mais de 50 anos de independência não
tem, praticamente, um estado digno de crédito e vem assassinando muitos dos
seus esperançosos líderes como Patrice Lumumba, Thomas Sankhara, Eduardo
Mondlane, Samora Machel, para já não falar da desastrosa Purga Angolana logo nos
alvores da sua independência.
Como pode a CEDEAO ter o desplante e a falta de vergonha de
aplaudir um governo ilegítimo, nomeado por um Presidente irregular que se
arvorou em tal fora do ordenamento do seu próprio País, não esperando pelo
veredicto do Supremo Tribunal do SEU País!
Que bagunça é esta?É assim que os Africanos querem ser tidos e considerados seja onde for?
Que bagunça é esta?É assim que os Africanos querem ser tidos e considerados seja onde for?
O PAIGC pode ter muitos defeitos. Mas tentou fazer funcionar
as instituições nacionais. Por que se lhe não dá a devida consideração?