Carlos Cardoso - 20 anos de Páscoa
Senti a falta de tantos. Admirei-me com a ausência de muitos dos nossos lutadores destes dias. Tão anormal! E na curta marcha - no meu caso meditativa - dos poucos que não hesitámos em ser o resto fiel da trincheira contra o medo, rentabilizando o legado do Carlos Cardoso, perguntei-me: porquê tão clamorosa ausência dos amantes da liberdade? Da liberdade de imprensa! Da liberdade e da honestidade eleitoral? Da liberdade de pensar e opinar? Enfim da NOSSA LIBERDADE? Porquê tantas ausências?
Também aqui a o COVID 19 pode ter culpas? Ou será o já endémico medo que vai tomando conta de uma sociedade onde muitos, muitos, muitos, já se resignaram a comer "o pão que o diabo amassa"?
A seguir, com a devida vénia e agradecimento, transcrevo da DW:
20 anos após o assassinato do jornalista moçambicano Carlos Cardoso
NNeste domingo (22.11) completam-se 20 anos do assassinato do jornalista moçambicano Carlos CCardoso, considerado um dos mais destemidos e destacados profissionais da área de comunicação ssocial no país.
Jornalistas ouvidos pela DW África consideram que a morte de Carlos Cardoso não impediu que o jornalismo investigativo avançasse em Moçambique - ele inspirou também muitos profissionais a abraçarem esta área.
Carlos Cardoso encontrou a morte ao ser alvejado com uma rajada de metralhadora dentro da sua viatura, numa zona nobre da cidade de Maputo, depois de terminar mais uma jornada de trabalho no Jornal Metical, o então diário mais popular de Moçambique.
O assassinato aconteceu numa altura em que Cardoso perseguia as pistas de uma fraude no ex-Banco Comercial de Moçambique, avaliada, na altura, em 14 milhões de dólares americanos. Em conexão com o caso, foram julgados e condenados seis réus a penas que variam entre 23 e 28 anos de prisão.
Cardoso destacou-se também ao opor-se ao Governo para o encerramento da indústria do cajú no país, impostas pelo Banco Mundial, que lançaram milhares de trabalhadores ao desemprego.
A data em que Moçambique relembra os 20 anos do assassinato de Carlos Cardoso, está a ser marcada pela publicação de depoimentos de jornalistas nos média. Não apenas fala-se sobre o seu trabalho e o particular legado para o jornalismo investigativo. O ponto mais alto desta celebração é um velório no local em que ocorreu o seu assassinato.