No passado dia 14, festa da Exaltação da Santa Cruz na Igreja Católica, faleceu num hospital do Porto, depois de prolongada doença com que lutava há mais de um ano.
No dia seguinte, familiares, amigos e admiradores, celebrámos a sua Páscoa: na Igreja da Cedofeita (Porto) e na Igreja Paroquial de S.João da Madeira (seu concelho natal).
Os meus primeiros contactos com o Soares Martins datam do meu acordar para os problemas críticos de Portugal e das suas colónias. José Capela, de seu pseudónimo, chegou-me às mãos pelos pequenos livrinhos que ia fazendo aparecer..." O Vinho para o Preto" era título incontornável e inesquecícvel. Depois, quando já com experiência de chão moçambicano, Moçambique pelo seu Povo.
Física e pessoalmente, conhecê-lo-ia só quando ele apareceu como Adido Cultural na Embaixada de Portugal no Maputo. Foi ocasião para beber a longa experiência de um homem que, ao lado do seu fabulosíssimo tio, o 1º Bispo da Beira, Sebastião Soares de Resende, se afirmara nos combates pela dignidade do Povo Moçambicano nos tempos duros do colonialismo.
Foi chefe de redacção do combativo Diário de Moçambique, jornal da diocese da Beira.
Fui um dos que, com frequência, partilhei a sua mesa, com muitos amigos moçambicanos, das esferas da intelectualidade, do saber e da cultura plurifacetada. Nos contextos tantas vezes ambíguos da realidade.
Cativou-me sempre a simplicidade do diplomata que se esquecia que o era, dada a evidente simplicidade do seu porte. Impressionou-me sempre a cordialidade que se sentia fluir entre ele e o seu dedicado cozinheiro, senhor Morais.
Vivi, mesmo que esporadicamente, por entretanto eu ter regressado a Moçambique, a encantadora relação de amor irradiando do casal que era o Soares Martins e a sua mulher, a Joaquina. Duas autonomias visivelmente casadas!
(Informação mais detalhada na carta anexa - José Capela)