quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A urgência da Paz em Moçambique

Mindelo, Cabo Verde, 26 de Setembro

Como se pode ver no Blog "PEREGRINAR NO MUNDO, PARTILHAR A VIDA", estando neste arquipélago onde reencontro a memória do tão inesquecível como Samora, Amilcar Cabral, vivo sempre, com alguma emoção, a data do início da luta armada de libertação nacional de Moçambique, infelizmente, também para o povo português, mais longa do que se desejaria.

foto de GREG MARINOVICH 
Como ainda tenho o relógio biológico ao ritmo de Moçambique, de novo, hoje, acordei cedíssimo (4:30 h locais – 7:30 de Moçambique). Assim, via RDPAfrica, vou acompanhando a actualidade moçambicana. O jornalista Arão Cuambe (creio que entendi bem apesar da sonolência matutina) entrevistou, alternadamente, o porta-voz da Frelimo (cujo nome não entendi bem) e o engº Lutero Simango (MDM), sobre as turbulências e ataques que, infelizmente, continuam a acontecer entre militantes dos seus respectivos partidos, semeando, ainda mais inquietação e insegurança na vida da nação.

Lamento ter de opinar quanto a expressão de um (MDM), contrastou, em coerência e objectividade, com a retórica típica de cassete partidária do outro (Frelimo). Não é politicamente decente, à falta de mais capacidade argumentativa, querer “parar o vento com a peneira”, teimando em reduzir o MDM a simples emanação da Renamo. É querer que todos os outros cidadãos somos estúpidos. E, isso, eu não o permito. 

Ao longo do dia, surgiu, na mesma RDPA, a notícia de mais uma ronda “extraordinária” de conversações entre a delegação do governo e da renamo. Infelizmente, nada de novo. Pergunto-me: mas essa gente vai para aqueles encontros de boa-fé ou simplesmente para fazer de conta? Porque se arrastam em trazer o país em suspenso por tempos infindos? Quais são, realmente, os desígnios de uma e outra parte? É tempo de não fazer do diálogo uma panaceia.

Já passou tempo de mais para que Guebuza e Dlhakhama não se decidam a avançar, com a determinação que todos esperamos, a bem de uma paz genuína. Mais curto é o caminho entre Sofala e Maputo do que Nova York ou Paris. O que é que realmente os impede? Não será tempo de as outras forças vivas da Nação serem mais exigentes e intervenientes, obrigando-os, em nome do povo, ao tão almejado encontro?

Não seria a hora de as Igrejas mais significativas – Igreja Católica, Igreja Anglicana, Igreja de Cristo em Moçambique, Igreja Metodista, e outras que se reconheçam no âmbito do diálogo ecuménico – entrarem decida e concertadamente, em nome da Profecia de que são portadoras em nome de Jesus de Nazaré, numa intervenção pública das tão variadas formas que nos caracterizam, em articulação com a multiplicidade dos seus fieis nas suas respectivas comunidades?

Quem, com mais credibilidade do que nós, poderia vir para a rua exigir o Diálogo da Paz, assente na corrente orante que nos faz fiés, credíveis e transparentes? O tempo urge!