quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

GUERRA E TENSÃO POLÍTICO-MILITAR




Todos continuamos suspensos desse dito diálogo que parece nunca o ter sido. Porque não há diálogo sem sinceridade e honestidade, sem preconceitos.

Se as ditas conversações Governo/Renamo não tivessem estado, desde o princípio, inquinadas por desconfianças e interesses estranhos ao bem do Povo, nunca teriam caído no impasse em que se vêm atolando.

Cada uma das partes aparece cada dia com mais uma "aparente" birra e contra-birra.

Se, realmente, a Frelimo/Presidente Guebuza deseja devolver a paz e a harmonia ao país, tem, como se diz na minha aldeia-Natal, a faca e o queijo na mão: convoque Dlhakhama para o encontro, seja aonde for, e sejam quais forem as suas exigências. Como diz o evangelho de Jesus de Nazaré "se te baterem numa face apresenta-lhe a outra" ou ainda "se o malvado te pedir para andar uma milha, tu anda duas". Está aqui uma lógica inatacável de sucesso.

Se o Presidente Guebuza está de alma e coração limpos e livres, nada tem a recear: avance, convoque. Sabe muito bem que é a melhor maneira de, como se costuma dizer, "encostar o adversário" à parede. Também sabe muito bem que tem mediadores da confiança de ambas as partes para facilitarem as conversações. Conhece os seus nomes. Deixem-se de manobras preconceituosas que outra coisa não produzem senão desespero para todo o povo moçambicano.

Se o Presidente Guebuza não tomar, pessoalmente, a dianteira deste encontro, quero crer que está com medo de alguma coisa. Sim, porque, lá diz o ditado, "quem não deve não teme".

Em vez da dita manifestação de homenagem no passado dia 18 de Janeiro,que redundou, ao que parece, num humilhante fracasso e querem repetir em Nampula, neste sábado, dia 25, não teria sido mais patriótico terem ajudado o presidente a avançar nesta desejada iniciativa?

Não resisto a evocar o ensejo que tive de surpreender o Presidente Samora quando, acompanhando o meu Bispo Manuel Vieira Pinto, no dia 9 de Maio de 1984, à sua pergunta "ouviram o meu discurso da Zambézia?"   respondi: "sim, sr presidente, ouvi, reli no Notícias e não gostei nada". Podem imaginar o salto do Presidente Samora na sua cadeira! Expliquei. E ele rematou batendo com a sua enérgica atitude no meu ombro: "Tens de vir cá mais vezes". Pois é, há pessoas que precisam de ser ajudadas com realismo a saírem das torres de marfim em que, tantas vezes, se encerram ou são encerradas. Infelizmente, mataram-no-lo quando ele começava a reencaminhar o país por caminhos de mais realismo e sensatez. (Zé Luzia)